style="width: 100%;" data-filename="retriever">
A Universidade de São Paulo, no ano de 1965, nos acolheu como aluno, em pós-graduação, quando estudamos e pesquisamos sobre recursos humanos nas organizações. Dois anos depois, no Rio, na Fundação Getúlio Vargas, o curso de Mestrado em Administração Pública nos deu o que faltava, uma ampla visão política da gestão dos recursos públicos. Desde então, ao longo dos anos, congressos e seminários ampliaram e reforçaram a nossa convicção e consciência sobre a relevância do mundo do trabalho, aqui no Brasil e em outros países.
Nesse quadro de referência, vamos aos fatos. Temos notado que há hoje uma preocupação crescente sobre a presença da China no mundo político e econômico. Os debates nos levam a lembrar o acontecido, em congresso, no então Hotel Laje de Pedra, em Canela, há quase três décadas, e que são ainda de uma atualidade gritante.
O evento teve uma característica singular ao reunir juízes, desembargadores, líderes de entidades sindicais e empresariais, donos de empresas e professores, permitindo uma visão e análise profunda e diversificada da mão de obra, no Brasil e no mundo, especialmente focalizando o custo e a participação dos governos na sua proteção.
Destacamos duas manifestações, no congresso, que são de interesse atual: a do ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Ronaldo Lopes Leal, e a do diretor-presidente das Lojas Tevah. O ministro comparou a China e outros países com a Alemanha e o Brasil. No regime chinês, comunista e ditatorial, os operários eram reduzidos à semiescravidão, ao serem pagos miseravelmente, donde o custo baixíssimo da mão de obra, ausente qualquer proteção governamental. No Brasil, e mais ainda na Alemanha, o custo era muitas vezes superior ao dos chineses, o que explicava o "made in China" se espalhando no mundo.
Por sua vez, o diretor da Tevah contou a sua experiência de empresário. Pediu aos técnicos e assessores que reduzissem ao menor custo a fabricação de um terno. Ele pretendia que a Tevah concorresse numa licitação, no Brasil: "Não perdi a concorrência", disse ele. Ante a surpresa de todos, concluiu: "Porque não concorri. Era impossível ter custo similar ao das empresas chinesas."
A realidade não mudou com a expansão dos negócios. Hoje, a "esquerda fundamentalista", por razões ideológicas, não vê e não critica o regime a que são submetidos os operários chineses. A "direita fundamentalista" vê e critica o regime, mas aceita, por conveniência, essa realidade, compra produtos de lá e instala fábricas na China para vender produtos ao mundo.
E nós, consumidores? Silenciamos! É bom comprar por menos, dado o menor custo. Que fazer? A culpa é só dos de lá ou também dos de cá? Para bom entendedor, meia palavra basta!